Frio dá fome mesmo? Por que comemos mais no inverno? Afinal, a temperatura cai e com ela sobe a vontade de “beliscar” alguma coisa durante o dia. Um cafezinho quente acompanhado de um chocolate, uma sopa para o jantar, e uma série de pequenas mordiscadas em alimentos diversos ao longo do dia, entre um compromisso e outro. O Eu Atleta conversou com especialistas para entender melhor.
O endocrinologista e médico do esporte Guilherme Renke afirma que assim que as temperaturas caem, nosso apetite aumenta por alimentos ricos em calorias e carboidratos, pois, no frio, o corpo gasta bastante calorias para equilibrar a temperatura corporal. Em lugares mais frios, por exemplo, as pessoas precisam de camadas extras de gordura corporal para sobreviver ao inverno.
Em suma, sentir frio desencadeia um modo de autopreservação que envia ao corpo uma mensagem para se aquecer rapidamente. E essa mensagem é muitas vezes representada como um desejo por alimentos ricos em carboidratos, como os açúcares e amidos, que fornecem o impulso instantâneo de “calor” que seu corpo precisa – explica.
Mas é fome mesmo ou vontade de comer? O médico psiquiatra Higor Caldato diz que ambas as situações podem acontecer. A vontade de comer pode acontecer por situações sociais mais comuns, como estar mais próximo dos familiares, por exemplo, encontros em restaurantes e jantares com amigos, uma vez que no frio procuramos ambientes fechados. Mas a fome pode acontecer também por necessidade fisiológicas justificadas pelo frio, como explicado pelo endocrinologista.
No frio, existe uma tendência a buscar alimentos que “aquecem o coração”, os chamados comfort food, que geram uma sensação de prazer, conforto. Normalmente as pessoas fazem programações mais caseiras, em ambientes fechados, ficam mais juntas e isso predispõe maior incentivo para lanches e refeições em grupo – comenta.
A nutricionista Fabiana Albuquerque lembra ainda que nos movimentarmos menos no inverno devido ao frio, ficamos mais em casa e temos menos disposição para a prática de atividades físicas. Nessa situação, muitas vezes a “fome” não seria metabólica e sim “fome emocional” (vontade de comer). Por isso, a nutri recomenda que a prática de atividades físicas seja reforçada e mantida.
Renke faz coro à nutricionista e afirma que o inverno é a melhor época para quem quer emagrecer, pois o corpo gasta bastante calorias para equilibrar a temperatura do corporal, e isso consome gordura. Malhar no frio, portanto, é a pedida.
– Diferente da fome, quando o corpo usa a primeira reserva de energia, que geralmente é o carboidrato, a “vontade de comer” ocorre quando a reserva já foi utilizada e continuamos comendo. Por isso que uma dieta rica em proteína é melhor, saciamos mais rápido – recomendou o endócrino.
10 dicas da nutri para alimentação saudável no frio:
- Invista em caldos e sopas com bastante legumes e sempre acrescentando uma fonte de proteína. Uma dica é salpicar na sopa sementes e grãos (como chia ou semente de abóbora), pois são ótimas fontes de gordura, dando mais saciedade;
- Mas nada de incluir queijos gordurosos ou creme de leite nas sopas, pois isso aumenta as calorias;
- Não se esqueça das frutas: uma opção é aquecê-las no forno (exemplo: maçã, banana ou pêra com canela) ou incluí-las em shakes;
- Invista nos chás, pois nessa época não costumamos beber tanto líquido e manter a hidratação é importante em qualquer temperatura;
- Para substituir a vontade de comer doce, uma dica é fazer um cappuccino proteico: misture 150 ml de leite vegetal, canela a gosto, uma 1 dose de café e meia dose de whey protein de chocolate.
- Acrescente canela, que é termogênica, em comidinhas como banana amassada com aveia;
- Coma mais folhas refogadas em vez de saladas cruas, mas não use molhos gordurosos nas saladas;
- Podemos abusar das ervas e condimentos, como a canela;
- Prefira sempre os legumes refogados ou em forma de sopa;
- Substitua o leite integral por leite vegetal para o preparo de shakes e vitaminas.
O psiquiatra, entretanto, alerta para as restrições em excesso. Para ele, a melhor forma de ter uma alimentação adequada é ter uma alimentação regular, sem restrições e sem alimentos proibidos. As restrições alimentares podem levar à necessidade de maior disponibilidade de dopamina (neurotransmissor do prazer).
– Essa necessidade leva às pessoas a procurarem alimentos calóricos em momentos de afrouxamento da “dieta”. Isso vai gerar uma liberação tão grande de dopamina que pode levar o indivíduo a não conseguir controlar a quantidade do que se come naquele momento, podendo acontecer então um episódio de compulsão alimentar, que pode se repetir em outros momentos, se mantiver uma alimentação monótona ou restritiva. Respeitar o comer intuitivo também é importante – destaca.
Fonte: O Globo
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