Pedro Raniel Reis, de 22 anos, recorreu à Justiça em busca do direito de cursar Medicina na Universidade Federal de Lavras. O estudante, que é natural de Passos, precisou dos trâmites judiciais para enfrentar a exclusão da sua matrícula na universidade após ser examinado por uma banca de heteroidentificação.
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O universitário foi aprovado no vestibular da UFU no ano passado. Ele foi aprovado em 3° lugar para o curso de Medicina, no esquema de cotas universitárias, na condição de pardo, em uma das vagas por cotas para “autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, pessoas de baixa renda e estudante de escola pública”.
Mas, ao ser examinado pela banca de heteroidentificação da Universidade Federal de Uberlândia, o jovem não foi reconhecido como pardo, alegando que não possuiria o fenótipo e que seria branco. Mesmo com um exame de Fitzpatrick, realizado por um dermatologista de Passos, cuja denominação para a cor de sua pele dava-se parda, a banca não aceitou o pedido. Segundo Pedro, a cor da pele dele é nível cinco.
Antes de ser aprovado em 3° lugar no curso de Medicina, o ex-aluno do curso técnico de informática do IF Sul de Minas havia conquistado uma vaga em Arquitetura na mesma instituição, em 2021, e em Engenharia Civil na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), em 2023, mas desistiu dos dois cursos.
Para ingressar em Medicina, Pedro frequentou cursinho pré-vestibular, prática que retomou neste período sem aulas, visando tentar novamente ingressar no mesmo curso, caso a decisão da UFU seja mantida e a matrícula permaneça cancelada. Contudo, o jovem está otimista sobre a decisão da justiça.
Outros casos
Segundo Pedro, no dia em que se apresentou à banca de heteroidentificação da UFU, todos os outros 11 estudantes que também enfrentaram o processo teriam sido reprovados. No dia anterior, apenas um de outros 12 foi aprovado.
Ele afirma que um colega, também de Passos, foi aprovado em Medicina na Universidade de São Paulo (USP) como cotista e teria sido impedido de ser matriculado pelo mesmo problema.
Há cerca de um mês, um estudante que foi aprovado no curso de Educação Física da UFU, e que também teve a matrícula cancelada pela banca, conseguiu na justiça ingressar na universidade.
De acordo com a instituição, foi determinado que o rapaz fosse submetido a uma segunda avaliação para averiguar os traços pretos e pardos do estudante. Dessa vez, a banca de heteroidentificação da instituição foi realizada presencialmente – antes, a análise se deu por meio de fotos.
“A autodeclaração do candidato como cotista PPI foi validada pelo grupo. Sem mais impedimentos para tal, a matrícula dele no curso de Educação Física foi efetivada”, garantiu a Pró-Reitoria de Graduação.
Exame de Fitzpatrick
Existem seis tipos de pele, que variam de muito clara (tipo 1) a muito escura (tipo 6), de acordo com a classificação científica conhecida como tipagem de pele de Fitzpatrick. Desenvolvido em 1975 por um médico chamado Thomas Fitzpatrick, MD, o sistema classifica o tipo de pele de acordo com a quantidade de pigmento da pele que você possui e a reação da sua pele à exposição ao sol. Determinar seu tipo de pele Fitzpatrick pode ajudar a prever seu risco geral de danos causados pelo sol e câncer de pele.
Fonte: Clic Folha
