Forte avanço de casos de chikungunya liga o alerta em Minas Gerais, que já acumula 18 mil ocorrências prováveis neste ano. Até agora, 35 municípios mineiros registraram incidência “alta” e “muito alta” da doença, com registros de surtos em municípios do Norte de Minas, entre eles a cidade-polo da região, Montes Claros (leia mais abaixo), onde houve forte avanço da doença em fevereiro. No entanto, há uma chance “muito grande” de a doença se espalhar pelo resto do estado, admite a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o que exige união de forças para combater o mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus da doença e também a dengue e a zika. Em Belo Horizonte, foram confirmados 37 casos da doença até o 24, sendo dois autóctones, 27 importados e oito de origem indefinida. Outros 117 estão em investigação, segundo dados da prefeitura da capital mineira.
“O estado de Minas Gerais é infestado do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, chikungunya, zika e, potencialmente, a febre amarela (urbana). Sendo assim, as chances de um arbovírus se espalhar pela população suscetível é muito grande”, informou a pasta, na noite de ontem, ao responder a questionamento do Estado de Minas sobre o risco de outras regiões do estado, diante dos surtos já verificados em municípios do Norte de Minas e dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri. “O momento é de unir forças do poder público e da população. As pesquisas dizem que 88% dos focos do mosquito transmissor estão dentro das residências. Não podemos deixar água parada, que é onde o mosquito coloca os ovos e nasce”, alertou a pasta.
De acordo com os números da SES, em fevereiro (até ontem), foram registrados 7,5 mil casos prováveis de chikungunya no estado, contra 10,8 mil notificações de janeiro. Montes Claros, no Norte de Minas, é uma das cidades onde os casos da doença explodiram neste mês: 2.981 notificações (até segunda), segundo a Secretaria Municipal de Saúde do município, que tinha registrado 1.093 casos da enfermidade em janeiro. Outros municípios do Norte de Minas também registram surtos da chikungunya, com pacientes evoluindo para a fase crônica da doença. Entre eles estão Januária, Pirapora e Capitão Enéas.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, alerta que existe um grande risco de os surtos de chikungunya se espalharem para outras regiões do estado, o que deve ser evitado com o combate ao mosquito transmissor. “Existe um sério risco de a doença se disseminar para outras regiões do estado, principalmente para aquelas onde há alta infestação do mosquito, um elevado LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti). “A medida mais importante para controlar e se evitar o avanço (da doença) é exatamente o combate aos focos do mosquito, a resídios e lixo jogados em locais inadequados e o controle das condições sanitárias”, completou o infectologista.
Starling adverte que a chikungunya pode se tornar muito grave e provocar complicações sérias, principalmente causando dor nas articulações de maneira imobilizante. “Algumas pessoas (em torno de 10%) permanecem com essa dor por um período longo, de 30 dias ou até meses com os sintomas, o que leva à necessidade de afastamento do trabalho e uso prolongado de medicamento. É uma do- ença complexa, que pode ser prevenida com o controle da disseminação do Aedes aegypti.”
“Um pouco diferente da dengue.” A SES explica que, embora ambas sejam transmitidas pelo Aedes, a chikungunya e a dengue são “um pouco diferentes”. “Apesar de apresentar um número menor de pacientes para internação e risco de óbito, a chikungunya tem uma fase febril ou que podemos chamar de aguda, com duração que pode ser de cinco a 14 dias, podendo ocorrer um fase pós-aguda, que tem um curso de até três meses, e ainda uma fase crônica, quando os sintomas persistem por mais de três meses após o início da doença, podendo durar anos. Alguns dos doentes vão se recuperar e outros demandarão por longo tempo cuidados em saúde, cuidados médicos, paliativos para dor, apoio para exercer as atividades diárias e exercícios de reabilitação’, diz a pasta estadual.
Sobre as medidas para o combate à chikungunya, a Secretaria Estadual de Saúde informou que tem feito, via Vigilância em Saúde, monitoramento epidemiológico constante, laboratorial, de circulação viral e entomológico, além de ações de apoio ao controle vetorial, comunicação e mobilização social. Há um Comitê de Enfrentamento das Arboviroses ativo, e profissionais são enviados para apoio aos municípios mais necessitados. Além disso, é oferecida orientação, qualificação e treinamento de técnicos e agentes de controle de endemias (ACE) dos municípios e fomento da Política de Enfrentamento das Doenças Transmitidas pelo Aedes por meio de repasses financeiros para municípios desenvolverem ações.
A pasta destaca ainda que “o controle vetorial é a peça mais importante, principalmente as atividades do ACE e da mobilização social, para que todos cuidem de suas casas e quintais. A forma mais eficaz de conter o aumento da população do mosquito é interrompendo o ciclo de desenvolvimento que acontece na água parada”, destaca.
Fonte: Estado de Minas