A granação é uma fase fundamental para garantir a qualidade na produção do café. O estágio, que acontece entre os meses de janeiro e abril, tem seu pico cerca de 150 dias após a florada dos cafezais, é caracterizado pela formação e desenvolvimento dos frutos.
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“É o famoso enchimento dos grãos”, explica a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Vanessa Figueiredo. “Durante a granação, a planta realiza uma série de processos metabólicos, enviando os nutrientes que irão formar o grão, garantindo sua qualidade final e um maior rendimento da lavoura”, afirma Vanessa.
O bom desenvolvimento dos frutos nesta fase resulta em grãos mais uniformes, de tamanho adequado e com maior teor de açúcares, fatores essenciais para a obtenção de um café de alta qualidade. Vanessa destaca a importância da adoção dos tratos culturais e da nutrição pelos produtores no período.
“Os grãos exigem uma grande quantidade de nutrientes e carboidratos. O não fornecimento vai resultar em um desgaste para planta, já que os frutos acumulam grande parte da energia produzida. Uma boa nutrição auxilia no desenvolvimento saudável, em um bom enchimento dos grãos, frutos mais vigorosos e menor estresse da planta”, aponta.
As adubações e as pulverizações foliares também são determinantes na fase de granação. Outro ponto de atenção é o clima. “Nesta fase é de extrema importância um bom acumulado de chuvas, bem distribuídas. Quem tiver irrigação, deve manejá-la conforme necessidade da cultura e temperaturas mais amenas”, orienta a pesquisadora.
“A planta usa a umidade do solo para absorver e transportar os nutrientes para o grão. Caso ocorra um manejo inadequado de irrigação ou a falta de chuvas, o enchimento dos grãos tende a ser prejudicado. Esses estresses causam perdas no rendimento, maior percentual de frutos chochos, má formação dos grãos, mais defeitos, além de prejudicarem o ciclo de maturação”, afirma.
As temperaturas elevadas prejudicam a fotossíntese do cafeeiro, que terá que consumir parte dos carboidratos que iriam para o grão na respiração e manutenção da planta.
“Os picos de temperaturas, que temos enfrentado, podem afetar a formação dos frutos e fazer com que a planta desacelere os processos metabólicos, entrando em uma espécie de dormência, o que leva a um menor enchimento dos grãos”, alerta Vanessa Figueiredo.
Cursos
Interessados no tema cafeicultura podem acessar, de forma gratuita, cursos disponibilizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Café com apoio da Epamig e da Universidade Federal de Lavras (Ufla).
Na modalidade a distância, as capacitações abordam os temas “Cafeicultura no Cerrado”, “Podas do Cafeeiro Arábica” e “Manejo Integrado de Pragas e Nematoides na Cafeicultura” e podem ser acessadas por meio da plataforma e-Campo (https://e-campo.sede.embrapa.br/).
O curso “Cafeicultura do Cerrado” ressalta as práticas de cultivo e cultivares recomendadas para a região, tendo os seus conteúdos divididos em quatro módulos:
- Panorama da cafeicultura no Cerrado – Ministrado pelo pesquisador da Epamig, Gladyston Carvalho.
- Cultivares recomendadas e seus atributos – Ministrado pelo pesquisador da Epamig, Vinícius Andrade.
- Práticas de cultivo: implantação da lavoura cafeeira – Ministrado por André Dominghetti, pesquisador da Embrapa Café e Epamig.
- Inovações para a cafeicultura no Cerrado – Ministrado pelos pesquisadores Adriano Delly Veiga, da Embrapa Cerrados, e Giovani Voltolini, da Fronterra.
“Os conteúdos são fundamentais para o aprendizado sobre os processos de implantação da lavoura, que, quando mal planejada e conduzida, pode ter seu potencial produtivo comprometido”, destaca André Dominghetti, pesquisador da Embrapa Café alocado na Epamig.
Podas do Cafeeiro Arábica
“Podas do Cafeeiro Arábica” aborda o conceito, objetivos e tipos de podas do Coffea arabica. Além disso, traz indicações de melhor época para a prática, equipamentos utilizados, processo de adubação e tratos culturais nos cafeeiros podados.
O conteúdo é ministrado por André Dominghetti e dividido em cinco módulos:
- Aspectos morfológicos, finalidades e tipos de podas
- Recepa
- Esqueletamento
- Desponte e decote
- Manejo da lavoura pós-poda
Manejo Integrado de Pragas e Nematoides na Cafeicultura
Sendo o mais recente, lançado em 2024, o curso aborda a identificação e a forma de manejo dos organismos, passando pelo ciclo de vida, espécies comuns aos cafeeiros, efeitos e formas de controle.
Os conteúdos são conduzidos por Rogério Silva, pesquisador da Epamig, e Silvana Otto, doutoranda da Ufla e bolsista da Epamig. A estrutura é composta por cinco módulos:
- Controle integrado de Pragas do cafeeiro: bicho mineiro e broca do café;
- Controle integrado de Pragas do cafeeiro: broca (continuação), cigarras e ácaros;
- Nematoides do cafeeiro: espécies e sintomas na planta;
- Nematoides do cafeeiro: danos na planta, disseminação e amostragem;
- Identificação das espécies de nematoides, manejo e controle.
Silvana Otto é a responsável por conduzir o tema “Nematoides do cafeeiro” e destaca a importância do conhecimento sobre os parasitas que afetam a cultura.
“Os nematoides do gênero Meloidogyne são um dos maiores problemas fitossanitários para o café no Brasil. Eles estão presentes nas principais regiões produtoras, e entender as espécies, os danos causados e a correta identificação das infestações é crucial para definir o manejo e reduzir os prejuízos”, ressalta.
Inscrições
Os cursos visam treinar produtores, consultores e agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). As inscrições podem ser realizadas por meio do site da Embrapa Café (https://www.embrapa.br/cafe/cursos).
Fonte: Folha da Manhã
