Primeira injeção para tratar a obesidade aprovada no Brasil, o Wegovy (semaglutida 2,4mg) imita um hormônio produzido pelo corpo, o GLP-1, liberado após a refeição e provoca a sensação de saciedade. É desta forma que o medicamento promete reduzir em até 17% o peso corporal num período médio de um ano. Diretora médica da Novo Nordisk, fabricante do Wegovy, Priscilla Mattar explica que a substância é eficaz, pois age especificamente na região do cérebro responsável pelo controle do apetite.
“O Wegovy atua aumentando a sensação de saciedade e diminuição da fome. Ele é uma cópia do hormônio produzido de forma natural, imediatamente após a refeição”, detalhou. A especialista ainda descreveu outros benefícios da semaglutida 2,4mg: melhora do colesterol, redução da pressão arterial, da glicemia e da circunferência abdominal. O acúmulo excessivo de gordura na região abdominal, inclusive, é um indicador de risco para doenças cardiovasculares.
Embora pareça “mágico”, Mattar ressalta a necessidade de combinar o tratamento com atividade física e reeducação alimentar. Além disso, o medicamento só é indicado para adultos com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 (obesidade) ou 27 (sobrepeso). Contudo, neste caso, apenas para os pacientes com pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso, como pré-diabetes, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono ou doença cardiovascular.
Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do Wegovy no país, mas o medicamento só deve estar disponível para venda no segundo semestre. Oficialmente, também não há estimativa de preço, já que o mesmo está em definição pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed). Nos Estados Unidos, onde o remédio já é vendido, ele custa US$ 1.349. Convertendo o valor para o real, algo em torno de R$ 7 mil, para uma caixa suficiente para uso durante 28 dias.
A fabricante, contudo, descartou este valor aqui no Brasil. “Não utilizamos o valor de outros países, pois cada um tem sua regulamentação de preço. Não tem relação com o valor cobrado nos EUA. Os preços dos medicamentos de lá não se podem atrelar aos daqui”, frisou Mattar.
Tratamento para toda a vida
Como a obesidade é uma doença crônica, o tratamento é de uso prolongado. Justamente por isso, o paciente deve ser acompanhado pelo profissional de saúde pelo resto da vida. A médica Priscilla Mattar faz um paralelo com outras doenças, como a diabetes e a hipertensão, que não têm o tratamento interrompido.
“A obesidade é progressiva. Ao se interromper o tratamento, o peso de ganho ocorre. Qualquer método vai falhar se ocorrer o encerramento do tratamento. Por isso, a recomendação é que seja prolongado”, informou a profissional. Segundo ela, a semaglutida não causa dependência química.