O café arábica segue em um cenário de alta histórica, com a saca de 60 quilos sendo negociada acima de R$ 2 mil pelo quarto mês consecutivo. Em fevereiro, o preço atingiu o ápice de R$ 2.769, mas desde então houve uma ligeira queda, ainda assim mantendo patamares elevados. Embora os produtores estejam celebrando após anos de investimentos baixos e margens apertadas, a alta também tem seu impacto: o café nunca esteve tão caro nas prateleiras para os consumidores.
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A situação não se restringe ao Brasil. Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o preço mundial do café teve um aumento de 38,8% em 2024 em comparação com o ano anterior, e as previsões indicam que os valores se manterão elevados por um bom tempo. O impacto desse encarecimento, que leva cerca de um ano para chegar ao consumidor final, tende a durar pelo menos quatro anos, conforme a FAO.
No Brasil, o preço do café se reflete na inflação de 66,18% nos últimos 12 meses até fevereiro, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado recentemente. A escalada de preços também se reflete nas cotações das bolsas internacionais: o café arábica teve um aumento de 70% na bolsa Intercontinental Exchange (ICE) no ano passado, com uma elevação de mais de 20% até o momento neste ano.
Em relação às exportações, o Brasil, maior produtor e exportador mundial, viu uma redução no volume embarcado em fevereiro deste ano. O país exportou cerca de 3,2 milhões de sacas, o que representa uma queda de 10,4% em comparação com o mesmo período de 2024. No entanto, os valores pagos pelas exportações foram 50% maiores que no ano passado, o que gerou uma receita significativamente mais alta para o setor.
De acordo com o relatório do Cecafé, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, a receita obtida com as exportações de fevereiro deste ano foi 55,5% superior à de fevereiro de 2024, evidenciando o impacto dos preços elevados nas transações internacionais. A combinação de uma menor oferta, custos mais altos e a valorização do produto no mercado global mantém o café como uma commodity valiosa, mas cada vez mais inacessível ao consumidor final.
