Na última segunda-feira, 17, prefeitos e representantes de municípios produtores de café participaram de uma reunião importante na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O encontro teve como foco discutir os desafios enfrentados pelos produtores rurais, especialmente no que diz respeito à segurança durante a safra de café. A reunião contou com a presença do prefeito de São José da Barra, Marcelo Rodrigues da Silva, e da prefeita de Jacuí, Maria Conceição dos Reis Pereira, além de diversos outros prefeitos, vereadores e produtores.
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A audiência foi convocada a pedido do deputado Professor Cleiton (PV), que é filho de cafeicultores e tem acompanhado de perto o aumento da violência nas principais regiões produtoras de café do estado, como o Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Zona da Mata. Durante o encontro, o parlamentar destacou o crescimento do preço da saca de café, que se aproxima da marca dos R$ 3 mil, impulsionado pela alta demanda, especialmente da China, e pela queda na produção de outros países produtores, como Brasil, Vietnã e Indonésia.
A alta valorização do grão tem atraído a atenção de criminosos, que aproveitam a vulnerabilidade das zonas rurais, frequentemente desprovidas de policiamento constante, para realizar furtos e roubos de maquinários, equipamentos e, claro, do próprio café. “Os produtores estão com medo”, afirmou o prefeito Marcelo Rodrigues da Silva, enfatizando a insegurança crescente no município, que tem o café como base de sua economia.
A situação em algumas cidades do interior do estado, como Conceição da Aparecida e Campo do Meio, é igualmente alarmante. O prefeito de Conceição da Aparecida, José Antônio Ferreira, relatou que, nos últimos 20 dias, houve duas tentativas de sequestro. Ele também apontou a falta de policiamento, especialmente de segunda a quinta-feira, e a necessidade de medidas extras, como a contratação de vigias noturnos pelos produtores rurais. Já em Campo do Meio, o prefeito Samuel de Azevedo Marinho destacou que furtos e roubos têm deixado produtores e trabalhadores traumatizados, e lamentou a escassez de efetivo policial.
Durante a reunião, os deputados presentes cobraram mais investimentos nas forças de segurança pública para enfrentar a crescente violência nas áreas rurais. O deputado Professor Cleiton lembrou que muitas regiões produtoras de café fazem divisa com estados como São Paulo e Rio de Janeiro, onde organizações criminosas já monitoram as fazendas durante a colheita. O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PL), ressaltou que o problema é agravado pela falta de recursos e investimentos nas polícias.
O deputado Rodrigo Lopes (União Brasil) alertou para o uso de tecnologias pelas organizações criminosas, que também estão se atualizando para praticar crimes mais sofisticados. Ele sugeriu a implementação de chips nas sacas de café para possibilitar o rastreamento de cargas roubadas, como uma medida preventiva.
Como resposta, a Polícia Civil anunciou a ampliação do projeto Campo Seguro, que já conta com 11 delegacias especializadas na repressão a crimes rurais em regiões como o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sul de Minas. O chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio, Felipe Costa Marques de Freitas, destacou que o projeto tem mostrado resultados positivos, com uma redução de 11,59% nos furtos e 13,95% nos roubos em 2024, em comparação com o ano anterior.
Além disso, a Polícia Militar também está intensificando suas ações para combater a criminalidade na zona rural. O diretor de Operações da PM, coronel Ralfe Veiga de Oliveira, anunciou um novo plano de segurança rural, que será lançado na próxima semana. O plano inclui patrulhamentos conforme o calendário agrícola, o uso de aplicativos para facilitar o policiamento, operações de combate ao crime organizado e reuniões periódicas com os produtores rurais para definir ajustes nas operações.
Fonte: Clic Folha
