Na última terça-feira, 2 de abril, o mundo lembrou o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, conhecido também como o Dia Mundial do Autismo. Neste contexto, a reportagem traz à tona uma história comovente que destaca o contraste entre o abandono e a negligência de algumas famílias e o amor incondicional de outras.
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Três famílias são protagonistas dessa narrativa. Duas delas, infelizmente, envoltas em atitudes de maus-tratos contra crianças vulneráveis. A terceira, por outro lado, emerge como um exemplo de compaixão e dedicação, acolhendo com amor e carinho aqueles que foram negligenciados.
A trajetória começou a se desenrolar no final de 2019, quando um casal residente no município de Arcos (MG) foi confrontado com a dolorosa realidade de que uma menina de 10 anos e um menino de 8 estavam sofrendo abusos nas mãos do padrasto, irmão do homem que hoje os acolhe com amor. A situação era tão grave que ambos foram privados da guarda não só da mãe biológica, mas também do pai, que se separou da mulher sem oferecer qualquer suporte para os três.
Agora, entra em cena a figura dos pais adotivos, Senilda Coelho Rosa da Silva, de 52 anos, e Valmir da Silva Coelho, de 40. Mesmo após 24 anos desde que criaram seus próprios filhos, Milena e Jackson, decidiram abrir seus corações e lares para Geovana e Pablo, de 15 e 12 anos, respectivamente, ambos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no início de 2020.
O retorno à rotina de cuidar de filhos não foi simples para Senilda e Valmir, mas a situação era incomparável com o passado. Enquanto antes criavam seus próprios filhos, agora estavam acolhendo dois jovens que precisavam de amor e compreensão em um ambiente seguro e afetuoso.
Os desafios não foram poucos. As crianças haviam sofrido tanto física quanto psicologicamente nas mãos dos que deveriam protegê-las. Mesmo após serem matriculadas em uma creche na tentativa de amenizar seu sofrimento, o abuso persistia.
Diante desse cenário alarmante, Sinilda e Valmir, mesmo sendo irmão do padrasto que havia sido preso por maus-tratos, não hesitaram em intervir. Chamados pela justiça em Arcos, decidiram assumir a responsabilidade de cuidar das crianças, garantindo-lhes um ambiente seguro e amoroso.
Desde então, todos os fins de semana são dedicados a proporcionar momentos felizes e reconfortantes para Geovana e Pablo. Em um gesto de amor incondicional, foram trazidos para a casa da família, onde puderam desfrutar de momentos de paz e afeto, longe do sofrimento que antes conheciam.
Alteração de nome
De tanto sofrer nas mãos dos pais, avós e padrasto, a mãe adotiva revelou que Geovana se tornou uma criança muito emudecida, triste, e apesar de falar, não revela nada sobre o seu passado. “Ela se comunica sobre o assunto apenas através de desenhos a lápis. Não comenta nada desde quando se lembra ser humana, talvez porque sofre de autismo nível 2 e mente infantil como se tivesse 4 anos. Depois que veio para a nossa casa, se tornou outra pessoa, e graças a generosidade do povo gloriense, tem tudo que uma criança quer, inclusive o Pablo, que sofre de hiperatividade, autismo leve e Transtorno de Oposição Desafiante (TOD)”, explicou.
Ano passado, Geovana pediu a Senilda para mudar de nome, dizendo que o registro de Gabriela era triste, e o atual significa felicidade. “Perguntei à promotora se podia, ela autorizou. Ela já tem o CPF e em breve vamos conseguir uma nova carteira de identidade. Além de estudar, juntamente com o Pablo, são alunos municipais, recebem
toda a assistência da prefeitura através dos profissionais como psicólogo, psiquiatra e assistência social”, contou a mãe adotiva.
Já se aproximando da fase da adolescência, está cadastrada na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), lei federal brasileira que estabelece a proteção social básica e especial para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Recebe um salário mínimo que serve como ajuda de custo.
Fonte: Clic Folha