A morte de três crianças de 3, 10 e 11 anos, e a internação de outras quatro na cidade de São João del Rei, no Campo das Vertentes, em Minas Gerais, após apresentarem quadro de dor de garganta vem causando preocupação entre pais e mães. As mortes teriam ocorrido nos últimos 60 dias e, segundo moradores do municípios ouvidos por O TEMPO, trata-se de uma contaminação pela bactéria streptococcus (transmitida por meio de saliva e secreções). A informação, porém, não foi confirmada pela prefeitura da cidade que investiga as causas da mortes e se há relação entre elas.
Entre os sintomas apresentados pelos pequenos estão: amigdalite (dor de garganta), febre, vômito, e manchas ou erupções na pele. Diante da grande repercussão que o caso alcançou, a infectologista Janaína Teixeira, que atua na cidade, publicou vídeos em suas redes sociais com o objetivo de tranquilizar e orientar os pais. Segundo ela, trata-se de infecções pela bactéria Streptococcus pyogenes.
“Não é uma bactéria com resistência aos antibióticos, tem um tratamento fácil. Mas tem sido relatado um aumento no número dessas infecções, que podem causar desde infecções de pele, a erisipela, celulite, escarlatina, impetigo, e causa muito comumente infecção de garganta, principalmente em crianças menores de 10 anos. E, em algumas situações, ela pode causar infecções com gravidade maior, pneumonias, artrites, meningite, que não são tão comuns”, detalha.
Ainda segundo a profissional, em alguns casos ela pode causar a chamada “síndrome do choque tóxico”, que é uma infecção invasiva grave. “É incomum, uma prevalência de 1 a 5 casos para cada 100 mil habitantes, mas que, infelizmente, tem uma mortalidade alta”, explica a médica.
Como se prevenir
Um detalhe importante, ainda conforme Janaína, é que a Streptococcus pyogenes é uma bactéria chamada de “colonizante”, ou seja, que pode “morar” nas vias respiratórias de uma pessoa sem causar sintomas de alguma doença.
A transmissão é feita por gotículas de saliva, quando a pessoa infectada fala, tosse, espirra. Às vezes, alguém tosse na mesa, uma criança encosta e depois leva a mãozinha à boca. Como que a gente previne então? A primeira coisa, pessoal, é que criança doente não vai à escola. Deveria ser um mantra. Criança doente, com dor de garganta, com febre, fica em casa. Outra coisa, não devemos compartilhar utensílios, copo, talher, garrafinha”, completa a profissional.
Ainda de acordo com Janaína, outra forma importante de prevenção é sempre manter os ambientes bem ventilados e, principalmente, é manter as as vacinas em dia. “As infecções virais podem ser a porta de entrada, o primeiro passo para que, depois, uma infecção bacteriana aproveite da queda da imunidade causada pela infecção viral”, finaliza a infectologista.
Entenda os casos
Andreia Pereira Donato, de 43 anos, é uma das mães que fizeram uma manifestação nesta quarta-feira (24), em frente à Prefeitura de São João del Rei. A mulher afirma que tudo começou há pouco mais de um mês, quando um menino, de 11, passou mal na escola com dor de garganta e vômito.
Ele foi levado a Upa da cidade, onde o médico receitou analgésicos e antibiótico. No dia seguinte, a criança piorou e foi internada na Santa Casa da Cidade, onde morreu dias depois. “Logo depois, veio o caso de uma menina de 3 anos que morreu após ter os menos sintomas, ela teve ainda febre alta e marcas arroxeadas pelo corpo”, conta.
O último caso, segundo Andreia, ocorreu nesta segunda (23), quando uma menina de 10 anos morreu também com sintomas semelhantes. O enterro da criança está marcado para às 10h desta terça (24), no cemitério Nossa Senhora das Mercês.
De acordo com o município, a maioria dos pacientes passou por avaliação médica, na rede pública ou privada, e o quadro de saúde deles é estável. Diante da repercussão dos casos, a prefeitura esclareceu que vai divulgar, ainda nesta terça uma nota técnica sobre todo o histórico ocorrido no município, bem como informações importantes e detalhadas sobre a bactéria, forma de contágio e medidas de segurança.
Prefeitura pede “calma”
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde pediu calma à população e garantiu que “não está enfrentando um surto”. Segundo a pasta, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) — ligado à Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES-MG) — afirmou que não há evidências científicas que sugiram a necessidade do fechamento das escolas.
Fonte: O Tempo
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