Ter boa alimentação, controlar o peso, fazer atividades físicas de fortalecimento e não ficar só caminhando. As regras universais para uma vida saudável, repetidas quase como um mantra, voltam a ser destacadas para enfrentar um cenário que assusta médicos. A cada dia, 145 mulheres são internadas para tratar varizes, comprovando que o tratamento das veias dilatadas vai muito além de uma questão meramente estética.
Os dados sobre a realidade brasileira foram divulgados semana passada pela Sociedade de Angiologia e Cirurgia Vascular. O cálculo é que, a cada hora, em média, seis mulheres são submetidas a cirurgias apenas na rede pública. Não bastassem os números elevados, a entidade alerta que muitos casos represados durante a pandemia podem não ter sido tratados.
A entidade responsável pelo estudo destaca que, sem o cuidado devido, as varizes implicam perda de qualidade de vida, causando dores e desconforto. O problema compromete a rotina de milhares de brasileiras e pode evoluir para situações graves e de difícil reversão.
As principais e de maior risco são as tromboses. Também podem evoluir para a insuficiência venosa, com sintomas como sensação de peso, cansaço e queima-ção nas pernas, bem como dormência, alterações de mudança da textura da pele – deixando-a mais suscetível a lesões -, úlceras, infecções e sangramento.
Pandemia
Com 45,8 mil mulheres internadas por varizes em 2022, o banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) registrou aumento de 103,4% em comparação ao ano anterior. O número ainda é 26% menor que a média de procedimentos notificada nos anos anteriores.
O levantamento mostra que, entre 2013 e 2019, recorte da série histórica que não sofreu impacto da covid-19, em média, 62 mil mulheres foram internadas a cada ano para tratamento da doença.
Os dados revelam ainda que 2020 e 2021 foram os anos com maior percentual de internações de caráter de urgência. “O cenário sugere que muitas pacientes não contaram com suporte clínico e ambulatorial, tendo que recorrer ao atendimento emergencial em prontos-socorros devido à gravidade dos sinais e sintomas”, concluiu a entidade.
Doença
Varizes são veias alongadas, dilatadas e tortuosas que se desenvolvem abaixo da pele e que, em função da fase de desenvolvimento, podem ser de pequeno, médio ou de grande calibre. Os membros inferiores (pés, pernas e coxas) são os mais acometidos.
A doença se manifesta de diferentes formas, mas os sinais visuais mais comuns são vasinhos acompanhados de sintomas como dor, inchaço, sensação de peso nas pernas, coceira, ressecamento, câimbras noturnas com frequência e formigamento.
O correto diagnóstico do grau da doença é imprescindível para o tratamento. A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular também alerta sobre os riscos de se submeter à escleroterapia, um tratamento comum contra varizes, sem o devido acompanhamento médico. Algumas pessoas ainda procuram profissionais fora da área da medicina para fazer o tratamento, popularmente conhecida como “aplicação”. Além disso, há situações em que é necessário um procedimento cirúrgico para resolver o problema.